Por Mayra Franceschi
A Coordenadora Geral da Rede Hemosul MS – Marli Vavas e a direção de várias outras hemorredes estaduais estiveram eu reunião com a Ministra da Saúde – Nísia Trindade Lima e com a Coordenadoria de Sangue e Hemoderivados do Ministério – CGSH, com o propósito de discutir sobre o projeto de lei do Senador Nelsinho Trad, que prevê remuneração para doadores de plasma e também a comercialização deste para iniciativa pública e privada da indústria farmacêutica.
A comissão representativa de todas as hemorredes estaduais foi composta pela Pró Sangue – SP, Hemepar – PR, Hemoam – AM, Hemominas – MG, Hemoce – CE, Hemosul – MS e Hemopa – PA e marcaram essa agenda com o intuito de levar à Ministra a preocupação com os vários pontos negativos que essa proposta trás, principalmente, o dano à segurança transfusional.
O fato é que sem a doação voluntária, o doador poderia ser pago para a doação, o que colocaria por terra todo o empenho pela segurança do paciente, que receberia um sangue sem qualquer garantia, pois o doador pelo interesse à remuneração, poderia omitir comportamento ou procedimentos, medicamentos e inúmeras outras questões e por em risco a vida do paciente. Uma outra questão, essa lei abriria o precedente para a comercialização indiscriminada do sangue.
O Brasil hoje baseia seu processo de doação voluntária de sangue no modelo Francês, que prima pela doação sem finalidades lucrativas, sem interesses próprios, apenas pelo gesto de salvar vidas, sem olhar a quem. A proposta de lei transita por um caminho totalmente diferente, da doação com remuneração, com troca, bonificação. “Sabe-se que convivemos com pessoas diferentes, alguns poderão manter a ética na doação, mesmo concorrendo a esse bônus, mas também haverá muitos que ingressarão nesse processo apenas pelo interesse e dispostos a omitir o que for preciso para receber sua recompensa, o que trará risco com o qual não devemos concordar”, afirma Marli.
Na visão das hemorredes estaduais essa proposta pode trazer perigo para a segurança do sangue e poderá levar ao retrocesso da doação voluntária e altruísta no país.